Localizada às margens do baixo Rio Negro, a comunidade indígena de Terra Preta abriga 46 famílias da etnia Baré e enfrenta desafios severos de acesso à energia. Apesar de ter sido contemplada em 2017 pelo programa Luz Para Todos, o fornecimento permanece instável e insuficiente, obrigando os moradores a recorrer diariamente ao uso de geradores a diesel. Em 2022, por meio da articulação da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (COPIME) e da Associação Comunitária Indígena de Terra Preta (ACINCTP), a Revolusolar iniciou sua atuação no território, com o objetivo de contribuir para uma transição energética justa e adaptada à realidade amazônica.
A primeira instalação solar ocorreu em 2023 na Escola Municipal Arú Waimi. Já em 2024, um novo sistema foi implantado para abastecer o posto de saúde, a bomba d’água e o centro comunitário. Ao todo, são 20,85 kWp de energia limpa, armazenada em baterias, que garantem autonomia e continuidade no fornecimento, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. Mais do que infraestrutura, o projeto investe em formação: 20 moradores foram capacitados como eletricistas de sistemas solares em parceria com o IFAM, e professores e comunicadores indígenas multiplicaram o conhecimento sobre energias renováveis para toda a comunidade. O nome do projeto — Kurasí Tury, que em nheengatu significa “Energia do Sol” — foi escolhido coletivamente, refletindo o protagonismo e a identidade de um povo que constrói seu próprio caminho rumo à autonomia energética.